11.08.2006

Texto muito bonito...

Li este texto (aqui).

Gostei tanto que o transcrevo na integra:

Palavras para uma qualquer tristeza que vive em nós

“Um amigo atraiçoa-nos e sentimo-nos profundamente feridos. Mas ainda nos resta a força necessária para arrancar aos sentimentos uma investida: o rancor, a vingança, o ódio ou a esperança de uma reconciliação. Um dia, conhecemos o sabor do fracasso mas resta-nos o direito à renúncia ou a força para começar de novo. Sempre que o amor nos abandona, na solidão restam as lembranças e, sobretudo, o saber de onde procede a dilaceração interior. Algumas vezes sente-se medo e vencemo-lo ou ignorámo-lo. Outras, a tristeza chega e instala-se cá dentro como um hóspede ingrato, existem milhares de razões para estarmos tristes e existe a tristeza sem que haja qualquer razão. Saber isso é, já de si, razoável. Existe então a possibilidade de procurar consolo ou de evitá-lo. De qualquer forma, sabemos que a decisão nos pertence.”

“Até logo, tristeza – autobiografia de uma depressão”, de Assumpta Roura

É duro enfrentar a traição de um amigo. Sendo uma pessoa na qual confiamos, a sua traição causa-nos uma tristeza enorme. Por algum tempo, somos incapazes de fazer o nosso coração ressurgir dos destroços. Além da tristeza, cresce em nós um sentimento de vingança ou, então, um ressentimento profundo. Contudo, percebemos que não podemos fazer nada para voltar atrás, que esse amigo não pode corrigir o erro que fez e do qual se arrependeu, então deixamo-nos comover, ficamos sensibilizados e deixamos sobreviver a necessidade que temos dessa amizade. Podemos não perdoar, mas conseguimos passar à frente. Segue-se a reconciliação que é tanto mais fria quanto mais grave foi a traição. A pouco e pouco, a jogar a favor do tempo, voltam a proximidade e a cumplicidade - não iguais ao que foram um dia (pois há coisas que não se esquecem). Mas o importante é que voltam a ser de alguma maneira.

Quando falhamos, sentimo-nos profundamente tristes, vemos as nossas expectativas defraudadas, os nossos esforços irreconhecíveis, o nosso empenho menosprezado, a nossa persistência desvalorizada. Temos duas alternativas: desistir ou reunir as derradeiras forças, pegar outra vez nas armas e ir à luta. Creio que há situações em que é desnecessário voltar a insistir, a menos que se pretenda acumular fracassos sucessivos.

Se o amor que alguém sente por nós se revela insuficiente ou pouco duradoiro, ficamos tristes, entregues a doces lembranças. Até que, novamente, por acaso, sem darmos por isso, surge outra pessoa com um amor maior para nos oferecer. Podemos sentir medo de sofrer outra vez, todavia podemos também ignorar o medo e aceitar arriscar mais uma vez.

Há 1001 razões para nós sentirmos tristes, por várias razões (umas mais importantes que outras, porém quer umas quer outras têm igual legitimidade) ou por nenhum motivo. Sentimo-nos apenas tristes. Podemos procurar o conforto nos braços de alguém ou encontrá-lo junto de nós próprios, numa solidão sentada à beira de nossa vida.


(www.posse.pt)


Obrigado por estas palavras, Posse :)

4 comentários:

Patrícia Posse disse...

Obrigada pela publicidade ;)

MAs mais importante é k estas palavras te tenham tocado de alguma forma ;)

Vou dando pequenos passos por aki ;)

***

UD disse...

Tocaram sim... particularmente por uma situação menos facil que atravessei ha pouco tempo :)

Obrigado :) *****

Anónimo disse...

gostei mt dos textos

UD disse...

Obrigado Anónimo.

Se procurares no site da Posse encontras textos ainda mais bonitos :)